Templates da Lua

3 de setembro de 2007

OS PAIS ENVELHECEM


Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a
de ter um filho.
Plena de emoções, por vezes angustiante, ser pai ou mãe é provar os limites
que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos,
sua inocência e graça.
Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor. Um sorriso é capaz
de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de
nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem.
Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos,
parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.
O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem.
Envelhecemos. E então algo começa a mudar.
Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes. Parece que agora só
os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância e isso é uma
dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebe as mínimas faíscas no olho de
um filho.
É quando pais, idosos, dizem para si mesmos: Que fiz eu? Por que o encanto
acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular?
Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a
sabedoria que antes era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente.
Praticamente não ouvem mais os conselhos.
A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões
superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas.
E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos
costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando
eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam
comer e beber. Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas, médicos - tudo passa a ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da
mente. Por que então desrespeitá-los?
Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que a maioria dos filhos faz. Dá ordens aos pais, trata-os como se
não tivessem opinião ou capacidade de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor.
Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia.

* * *
A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação. Um dia,
o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente. As roupas favoritas para sempre
dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles
quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre
doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias (mesmo que
sejam repetidas)e dê-lhes atenção, afeto...
Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança
e da alegria.

Redação do Momento Espírita.

Nenhum comentário: